A Crise. Quê Crise? A Crise! Ahh, a Crise. E o luto.

7 01 2009

dolarNos últimos meses o mundo tem vivido o prenúncio de uma crise econômica mundial, que põe fim a uma época de bonança financeira. Mais recentemente a coisa tem se agravado, instituições financeiras quebrados, golpes bilionários sido desmascarados, mas o fato é que o mundo não vai mais ser o mesmo por alguns anos.

Aqui no Brasil, graças a austero controle governamental que há muito se exerce sobre os investimentos dos bancos, a crise ainda tem se limitado a alguns setores específicos como de financiamentos, através de juros mais altos, e de automóveis, com um estoque altíssimo de carros nos pátios das indústrias. Mas da forma como a economia está interligada hoje, não há como nenhum país que seja palco do mercado mundial, como é o caso do Brasil, não sofrer com seus resultados, se não diretamente, através da fuga de capital estrangeiro para cobrir posições em outros mercados.

Mas felizmente, ao contrário de outras ocasiões em que fomos atingidos logo de início, esta crise está dando ao Brasil o tempo necessário para se preparar para a pancada, retesar os músculos, levantar a guarda e deixar vir. Sim, porque há alguns momentos em que a questão não é saber se vamos levar uma bordoada, e sim quando. E por alguns meses eu fiquei imaginando se o Brasil não tomaria nenhuma medida protetora, a idéia que me passava era a de que estávamos enganchados no primeiro estágio do luto, do modelo de Kübler-Ross.

Para quem não conhece, o modelo, também chamado de ‘os cinco estágios do luto’ (ou dor, ou perda), foi proposto em 1969, e trata das cinco etapas pelas quais passa uma pessoa em face a perda de alguém, ou ainda quando confrontado com a própria mortalidade. E não há como não deixar de traçar um paralelo entre estes estágios e as reações de nosso governo, principalmente na figura de nosso presidente.

Primeiro estágio do luto: Negação e Isolamento

Em outubro, um claro momento de negação, nosso presidente disse que “Nos EUA, a crise é uma tsunami. Aqui é uma marola, que não dá nem para surfar”. Ou seja, ao contrário do resto do mundo, o Brasil não tinha com o que se preocupar, afinal, nossos clientes no exterior continuariam comprando nossas commodities, e as multinacionais que operam aqui continuariam investindo como se nada estivesse acontecendo.

Segundo estágio do luto: Cólera

Felizmente este estágio veio diluído em meio a várias pontadas dadas em países, instituições e empresas. E verdade seja dita, algumas destas pontadas foram merecidas 😉

Terceiro estágio do luto: Negociação

Apesar de o nome cair como uma luva, temos uma grande diferença aqui. Enquanto no modelo de Kübler-Ross a negociação é inútil,o que acontecerá vai acontecer a despeito de qualquer ação, para o caso posto, é de extrema importância, já que define a intensidade do próximo estágio. Sentar, negociar e procurar opções e estudar como se precaver, em uma situação destas, é muito mais efetivo que simplesmente ‘deixar rolar para ver o que acontece’. Ponto para o governo, que mesmo atrasado, lançou medidas visando evitar um possível engessamento da economia. Resta saber se estas medidas são suficientes para que o próximo estágio seja algo muito leve ou que demande internação.

Quarto e Quinto estágios do luto: Depressão e aceitação

Por enquanto estes dois estágios estão no futuro, não sabemos o que acontecerá em médio prazo aqui no Brasil. Se as medidas que o governo tomou e tomará forem suficientes, a depressão poderá não passar de uma breve tristeza e a aceitação, torço por isso, de uma onde que possamos pular sem cair.


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